Depressão, Ansiedade e Sintomas da Menopausa.

A menopausa é conhecida como um período de alterações globais do corpo e da mente da mulher. Entre os sintomas psicológicos, o humor é uma das estruturas mais acometidas. Durante esse período, mulheres que tiveram um transtorno depressivo-ansioso ao longo da vida têm uma maior probabilidade de apresentarem outro episódio, enquanto outras podem sentir pela primeira vez insônia, irritabilidade, alterações de humor, ausência de desejo sexual e fadiga. Alguns desses sintomas fazem parte do índice de menopausa de Blatt- Kupperman (B-K), um dos instrumentos mais usados na prática clínica para quantificar os sintomas da menopausa e avaliar a evolução ao longo do tempo.
Além de serem queixas comuns na menopausa, os sintomas emocionais são as queixas mais freqüentes entre as mulheres brasileiras que procuram atendimento ginecológico. Em um levantamento domiciliar brasileiro que contou com 367 mulheres, Pedro e col. observaram que a intensidade dos sintomas psicológicos é positivamente relacionada com a procura por tratamento. Whitehead e col. também observaram que a gravidade da ansiedade, irritabilidade e “depressão” era o principal diferencial entre mulheres que procuram ou não algum tratamento. Esse viés na procura por tratamento pode levar a uma concentração de mulheres acometidas por um transtorno depressivo ou ansioso nos ambulatórios de ginecologia e menopausa.
Após observarmos a alta incidência de transtornos depressivo-ansiosos no ambulatório de menopausa do Instituto de Ginecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro em estudo prévio, procuramos determinar, pela primeira vez em uma amostra ambulatorial brasileira, a provável forte influência dos diagnósticos psiquiátricos sobre os sintomas da menopausa presentes no B-K.
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Depressão e Ansiedade na Clínica de Menopausa.

A menopausa é dividida em duas etapas principais. A perimenopausa se caracteriza pela presença de ciclos irregulares ou com características diferentes dos ciclos observados durante a vida reprodutiva, tendo a última menstruação ocorrido há menos de 12 meses, e a pós-menopausa, pela ausência de menstruação por mais de 12 meses. A maioria das mulheres que atinge a menopausa não apresenta sintomas depressivos proeminentes. No entanto, uma prevalência maior do que a esperada de sintomas depressivo-símiles vem sendo observada entre essas mulheres. A transição para a menopausa parece agir como facilitadora e não como causadora dos sintomas do humor.
Poucos estudos brasileiros investigaram as características da população na menopausa em atendimento ambulatorial, e nenhum deles utilizou instrumentos diagnósticos para transtornos mentais, valendo-se apenas de escalas para a quantificação de sintomas comuns da menopausa, como o índice de Kupperman. Entre eles, estão Halbe e col., que, avaliando 1.319 pacientes no climatério, encontraram uma baixa prevalência de queixas emocionais (9,1% de nervosismo). Já em um estudo brasileiro mais recente, 254 mulheres em atendimento ambulatorial para a menopausa evidenciaram como sintomas mais prevalentes a irritabilidade (87,1%), artralgias e mialgias (77,5%) e melancolia (73,2%).
Observamos que os dados referentes à população brasileira são escassos e contraditórios. Pretendemos determinar a prevalência dos transtornos depressivoansiosos entre as mulheres atendidas em um ambulatório de menopausa e correlacionar a ocorrência do diagnóstico com fatores sociodemográficos, história psiquiátrica pessoal ou familiar e dados clínicos ginecológicos.
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Endometriose - Depressão e supressão hormonal

A endometriose é uma doença comum, que acomete 5% a 10% das mulheres entre 30 e 45 anos em idade reprodutiva. Caracteriza-se por um crescimento anormal de tecidos semelhantes ao endométrio em volta do útero, ovários e ligamentos. Os sintomas mais associados a essa doença são: dor pélvica, dismenorréia, dispareunia, fluxos menstruais irregulares e infertilidade. Existem diversos tratamentos para endometriose, entre eles a terapia com fármacos agonistas do GnRH (hormônio estimulante de gonadotrofinas). O uso dessas substâncias, entre as quais se inclui a goserelina, induz a inibição da síntese e liberação de LH e FSH, hormônios do ciclo menstrual, induzindo um estado de hipoestrogenismo. Esse estado de baixos níveis de estrogênio protege a paciente de um novo episódio de endometriose.
O uso desse tratamento para endometriose associa-se a um declínio abrupto dos níveis séricos dos hormônios ovarianos, o que pode provocar o aparecimento de sintomas depressivos e ansiosos. Entre os sintomas encontrados em pacientes em terapia com goserelina, observam-se instabilidade vasomotora, insônia, ressecamento vaginal, fadiga, cefaléia, artralgias e mialgias. Distúrbios psiquiátricos, como a depressão maior, também foram descritos entre mulheres em tratamento com goserelina acompanhadas por 6 meses. Outros estudos também demonstraram essa relação, como o de Warnock e col., que avaliaram 411 mulheres em tratamento com goserelina e observaram que 54% apresentaram depressão como efeito adverso, 60%, labilidade emocional e 61%, libido debilitada. Steingold e col. observaram transtornos depressivos em 12 de 16 mulheres em tratamento com agonista GnRH. Três das 12 mulheres também apresentaram transtornos de ansiedade/irritabilidade. Warnock e col., em outro estudo, observaram sintomas depressivos significativos em 16 de 20 mulheres tratadas com goserelina por 24 semanas.
O objetivo deste artigo é exemplificar com um caso clínico as relações entre o tratamento para endometriose e os transtornos psiquiátricos e o resultado terapêutico que obtivemos com o uso da nortriptilina.
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Hormônios sexuais femininos e transtornos do humor

O eixo neuroendócrino relacionado ao ciclo reprodutivo feminino é vulnerável a mudanças e sensível a fatores psicossociais, ambientais e fisiológicos. Alterações como o transtorno disfórico pré-menstrual, a depressão pós-parto e os transtornos do humor relacionados à perimenopausa ou menopausa podem estar relacionadas a mudanças influenciadas por hormônios na função neurotransmissora.
A prevalência de depressão em mulheres é duas vezes maior do que nos homens. Essa maior incidência feminina é observada a partir da puberdade, sendo menos evidente nos anos que sucedem a menopausa. Apesar da diferença entre homens e mulheres em relação à incidência do transtorno do humor, este ocorre em ambos os sexos, presumindo-se que existam fatores comuns para o seu desenvolvimento. O principal constituinte dessa teoria unificadora parece ser a predisposição genética.
A alta prevalência de transtornos do humor em mulheres pode estar relacionada a maior predisposição genética, maior vulnerabilidade a eventos estressantes, modulação do sistema neuroendócrino pela flutuação dos hormônios gonadais ou a uma combinação de alguns ou de todos estes fatores.
O controle de humor e comportamento envolve diversos sistemas de neurotransmissores, incluindo glutamato, ácido gama-aminobutírico (GABA), acetilcolina, serotonina, dopamina, noradrenalina e neuropeptídeos. Hormônios esteroidais gonadais também estariam envolvidos, alterando direta e indiretamente os sistemas neurotransmissores supracitados. Por esse motivo, tem havido grande esforço por parte dos pesquisadores para a detecção de padrões hormonais anormais entre os pacientes portadores de algum transtorno do humor.
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